Editorial da edição 71
Por Hector García Salido
Editor Chefe de MinimoSport
A extinção do 9 e os novos modelos de dianteiros.
Quantos dianteiros natos se lhe vem à cabeça neste momento? Seguramente não muitos. Falcao, Higuaín, Fernando Llorete, Soldado, Cavani, Luis Suárez... Pouco mais. E é que o futebol atual está vivendo o que pode ser a extinção do ‘9’. As grandes equipes do panorama europeu se acostumaram a jogar sem ele. E o modelo, em grande medida, funciona como demostrou o Barcelona ou a Seleção Espanhola. Os esquemas de jogo cada vez cerceiam mais os dianteiros centros: o futebol passou de jogar-se pelas bandas e sufocar pelo meio. Um funil que impossibilita as melhores virtudes dos rematadores. Quantos gols de cabeça recordam nos últimos anos? Sim, obviamente Falcao ou Cristiano Ronaldo (sem palavras seu gol ao United), mas não têm muitos mais para recordar. As equipes tendem agora a encher-se de meia-pontas pelo centro ou pela banda.
Um claro exemplo é o Chelsea, que passou de ter um dianteiro como Drogba a jogar com Mata, Hazard, Oscar e Lampard. Dianteiros? Pois só Torres. Um déficit que tentou arrumar este inverno com a contratação de Demba Ba. Algo parecido lhe ocorre ao Real Madrid em certas ocasiões. A equipe é uma ‘manada’ quando saem ao contragolpe, mas não encontra soluções ante defesas fechadas. A razão é que seus dois jogadores de banda sempre tentam a diagonal ao centro e o ‘9’ não encontra bolas que rematar (dá o mesmo Higuaín que Benzema).
O Barcelona, salvando as distâncias, também tem o mesmo problema em ocasiões, ainda que neste caso tenha um desentupidor: Messi. A única grande equipe europeia que tem dois ‘9’ puros é o Bayern de Múnich, com Mario Gómez e Mandzukic. No obstante, parece impossível jogar com eles dois juntos.
O clássico 4-4-2 se foi transformando pouco a pouco nos terrenos de jogo pela variante 4-2-3-1 ou o 4-3-3. São poucos os treinadores que se atrevem a juntar dois dianteiros acima. Sir Alex Ferguson sim aposta por Van Persie e Rooney em sua equipe, mas a custa de sacrificar ao último, agora mesmo Gregario do holandês (na ida da Champions ante o Madrid chegou a jogar de meio-centro defensivo). Em toda equipe, dizem os expertos, é chave um goleiro e um ‘9’. O Real Madrid de Casillas e Ronaldo dos ‘galácticos’ foi último grande exemplo. Mas agora a história é bem diferente. O goleiro segue sendo chave, mas importa mais o ‘falso nove’. Cristiano Ronaldo, Messi ou Van Persie poderiam adaptar-se a esse papel.
São goleadores que necessitam arrancar com metros para obter melhor resultados. Só basta com ver desde onde arrancam Messi ou Cristiano em muitas ocasiões. O argentino chega a baixar até o meio do campo, enquanto o português o faz muitas vezes desde sua própria área (gols ante o Celta ou Sevilla) para recorrer todo o campo em menos de onze segundos. O mesmo que Van Persie, quem marca a maioria de seus gols aparecendo desde atrás. Em definitiva, nunca estão, mas sempre chegam. Assim é o novo dianteiro.
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